Depois de muito tempo combinando, finalmente o Zé Roberto conseguiu uma folga pra vir pra Itatim novamente! Na compania do Matheus Martins, também de Brasília, passaram 4 dias de dos quais pude acompanhá-los em 3 dias na abertura de mais uma via no Morro do Enxadão!
Traçado da via Espírito Livre
Como eles chegaram na sexta, enquanto eu trabalhava eles escalaram a Jardineiro, clássica da parede, deixando de lado a minha recomendação de repouso pré-conquista….kkkk
Saí de Feira de Santana na sexta à noite com o Marcel, que também nos acompanhou na empreitada pra dormir já em Itatim e poder começar cedo no sábado.
Escolhemos uma linha bem no meio da parede, aparentemente onde está a verticalidade mais constante de todo o Morro do Enxadão. Inclusive, o maior motivo de não ter vias nessa área, é a verticalidade do início da parede, sem mostrar muitas boas agarras.
Eu vinha analisando a linha há algum tempo e mostrei o início pelos blocos à esquerda das esportivas no setor da Piratas do Caribe, e como quem dá a ideia faz, peguei a ponta e comecei a empreitada.
Dominei o bloco, coloquei uma peça e em seguida uma chapa, passei e artificial um tetinho que viria a ser o crux de toda a via e segui alternando furos de clif e chapas por uma linha que eu imaginava ser possíel escalar em livre, mas sabendo que seria duro! Não lembro quanto, mas demorei bastante pra conquistar uns vinte metros. Bati a parada e passei a bola pro Matheus.
Conquistando a primeira enfida
Matheus limpando a primeira enfiada, entrando no crux de toda a via
Matheus subiu co Zé e abriu a aérea segunda enfiada, por um negativo de agarras alucinante, que depois fica positivo e fácil (e esticado) até chegar na parada, o dia já estava acabando e subi com o Marcel pra conquistar a terceira enfiada.
Sabíamos que teríamos que acelerar pra terminar a via em apenas mais dois dias, então seguimos na estratégia de revezar as duplas. A sombra bate na parede só após o meio dia, o que faz com que nossos amigos do DF acordem sem a menor pressa, mesmo com o prazo curto, a tranquilidade reina!
E lá foram eles, sei lá que hora subirem pelas cordas fixas e abrirem mais duas enfiadas bem bonitas, sendo uma com apenas 2 chapas e alguas possibilidades de móvel, e outra toda fixa. P5 estabelecida, troca de turno.
Matheus e Zé Roberto
Zé conquistando a quarta enfiada
Eu que estava dando uma faxina na primeira enfiada subi com Marcel e tocamos mais uma enfiada, ele na ponta chegou na P6. Pego a furadeira e saio sedento pra aproveitar ao máximo o resto do dia, coloco uma peça e venço o primeiro lance, chegando ao grande buraco no terço final da parede, mais duas peças na fenda que tem dentro do buraco e estudo por onde sair, preparo pra bater ua chapa no próximo lance e a broca quebra! Pego a broca reserva e ela não encaixa de jeito nenhum na furadeira! Não levamos batedor e assim terminu nosso segundo dia de conquista: equalizei umas peças na fenda do buraco, fixei a corda e desci.
Marcel conquistando a sexta enfiada
Marcel voltou pra Feira no domingo e eu só tinha a segunda-feira livre, o Zé acordou mal com dor de dente e eu segui com o Matheus pro tudo ou nada. Jumareamos as cordas fixas e eu finalizei a sétima enfiada, intercalando chapas e peças. Matheus tocou a oitava, que ficou uma das mais duras da parte de cima da via, seguindo por uma fenda aberta em diagonal e terminando por uma sequencia de abaolados estranha, ainda bem vertical! Essa levou um bom tempo devido à dificuldade e dúvida de por onde seguir.
Sétima enfiada
Matheus na oitava enfiada
A parede não dava trégua e a luz estava acabando, toquei as duas últimas enfiadas que não aliviam totalmente, mas já alternam alguns trechos positivos com barrigas verticais. Cheguei ao cume, bati a décima parada e de lá mesmo já desci. Limpamos todas as cordas fixas e chegamos ao chão depois das 19h. Concluímos a via mas ficou aquele gostinho de querer prová-la, e faltou o cume com a galera toda, mas estamos aguardando a nova oportunidade!
P10
Ficou uma via desafiadora, vertical em pelo menos 90% de sua extensão, alguns lances de sétimo e uma primeira enfiada que não encadenamos, mas estimamos um VIIIa. A proteção é regular, todos os crux são protegidos, mas não é uma via totalmente esportiva, exigindo bom domínio de equipo móvel e a resistência em dia.
O nome é uma homenagem ao Gigante, nosso amigo que se foi há alguns anos.
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Era início de março e ainda não tinhamos noção do período obscuro que viveríamos nos meses seguintes por conta do COVID-19, sendo essa nossa última escalada antes da quarentena. Lá está a via, espero que em breve possa receber novos escaladores, além de nós, é claro, que estamos loucos pra repetir sem peso nas costas!
[ATUALIZAÇÃO 24/08/2020] No último final de semana fizemos a primeira repetição da via, eu e Marcel Gama, subimos revezando as guiadas e consegui fazer toda a escalada sem quedas! Alterei a imagem do croqui com algumas pequenas alterações na sugestão de graduação e proteção.