Quase três mêses se passaram desde a primeira investida na conquista da face oeste da Serra do Ponto, em Brejo da Madre de Deus (veja o relato aqui), até que resolvemos voltar pra terminar os 40 metros restantes, parece simples né!
Saímos de Recife na sexta-feira à noite rumo à Brejo, chegando lá às 23h, separamos os equipos pra acordar no dia seguinte às 4h. A idéia para o primeiro dia era subir sem equipamento de conquista, apenas com os móveis e 3 cordas pra fixarmos, voltando pro abrigo em Brejo e, no outro dia jumarear e entrar na conquista dos últimos 40m de via, aparentemente com agarras.
Sábado (1° dia)
Começamos a caminhada subindo o cânion ou gargante/grotão (como é conhecido lá) às 6h, abastecemos as duas garrafas de 1,5l no rio e começamos a escalar às 8h. O primeiro lance da via é um pequeno trecho vertical que foi conquistado em artificial, a idéia era fazer em livre dessa vez, mas acabou não dando certo, nada que um stickclip não resolvesse…passado esse lance a enfiada continua em IV grau até os 60m.
A segunda enfiada também não passa muito disso, só que tem um pequeno diedro em móvel e alguns trechos sujos, o que dá uma emoção maior que a primeira. Chegando no grande platô nos reunimos e comecei a guiar a terceira enfiada, começa em artificial de grampos e parafusos, depois vira móvel e tem um final em livre, sem dúvida a enfiada mais cansativa da via, acho que demorei umas 3h só nela, até chegar no platô onde fica a P4.
Luciano pegou a ponta da corda e guiou a enfiada seguinte, um pequeno trecho em artificial móvel, que dá acesso ao terceito platô da via, local onde tinhamos parado nas últimas investidas. De lá ele fixou a corda e desceu limpando as peças. Já eram 3h da tarde e a missão estava cumprida!
Domingo (Descanso)
Segunda-Feira (2° dia)
Acordamos mais cedo ainda, dessa vez levaríamos menos peso, pois estava tudo lá na base e na parede (os 14 grampos e a marreta ficaram no último platô desde agosto), restando apenas a furadeira, batedor, mais 2 chapas e as brocas.
Começamos a caminhada às 5h, às 7h estávamos jumareando (na verdade estávamos ropemanando/tiblocando ou grigrizando…) o entre 9h e 10h estávamos no ponto final das cordas, nos preparando pra conquista.
Nessa enfiada já haviam dois grampos batidos pelo Luciano acima da parada, e nesse trecho haviam boas agarras, tipo uns regletões sarados, o que tinha nos deixado bem animados, mas quando comecei a conquista dessa vez, as agarras sumiram rapidinho, conquistei uma parte em artificial de agarras e de buraco, mas protegendo a via pra que seja escalada em livre, bati uns 7 grampos e desci. O Luciano conquistou mais um trecho e eu assumi a ponta novamente, os grampos iam acabando e tivemos que administrar pra dar pra chegar ao cume, e deu certinho, cheguei no cume com 1 grampo pra bater!
Esse último trecho acredito que seja uma enfiada bonita pra guiar em livre, algo entre VIIa, talvez VIIIa, são 40 metros verticais beeem técnicos, com agarras pequenas porém sólidas, bem protegida, o que não quer dizer que as quedas serão pequenas, e bem cansativa. Isso tudo é só fruto da minha imaginação, pois não escalamos ela ainda pra ver.
Chegando no cume fixei a corda, o Luciano jumareou e aí começou o processo de descida pelo outro lado da montanha. Cerca de 2h de caminhada, chegando na igreja da cidade, chamada de Mãe Rainha. Já estávamos destruídos, sem água, o Luciano com o pé fod***, dividimos o peso nas mochilas 80-30% e pé na estrada!
Sem dúvida uma bela segunda-feira de trabalho!!
Todos os graus são sugeridos, a via aguarda repetições e sugestões quanto à graduação, e a parede apresenta várias possibilidades ainda! Acreditamos ser o primeiro D4 de Pernambuco, e além disso ele se encontra em um local de acesso complicado, o que exige um certo comprometimento dos escaladores, mas não é nada de outro mundo.
Aqui vai o croqui, o traçado da via, da trilha e alguns betas:
Até mais, o mês de dezembro promete!