Miguel, Michele e eu tiramos um fim de semana estendido e fomos passar três dias escalando no estado de Alagoas, mais precisamente na cidade de Santana do Ipanema, distante 210 km da capital Maceió e 370 km de Recife.
A Serra da Camonga, como é conhecido o pico, é uma falésia localizada a poucos quilômetros da cidade, e possui vias de escalada de ótima qualidade, de V (os quintos lá são difíceis!) à VIIIc, além de alguns projetos. A formação parece gnaisse (isso foi um chute), negativo, as agarras são predominantemente batentes, pinças, fugindo um pouco do mais comum por aqui, os regletes.
Na escalada não pode ter preguiça!!
Chegamos no meio do dia e encontramos com o Samuel, escalador local e um dos principais desenvolvedores da escalada na região. Ele conseguiu uma folguinha pra nos acompanhar, e seguimos pra pedra!
Caminho pra pedra. Foto: Miguel A.
Depois de uma subidinha curta, mas intensa sob o sol do meio dia, chegamos na base da pedra, onde as árvores são grandes e dá pra curtir uma sombrinha. Entramos primeiro na “Eu pensei que era homem” (VI), um vertical que lembra a escalada no Morro da Fonte, em Itatim/BA.
A “Mel Dourado” (7b) começa técnica e termina em uma bonita fissura com boas agarras, mas exigindo uma resista em dia, “Sobe Catenga” (7a) curtinho, negativo com uma virada em uns batentes escorridos, meio sem pé, bem legal! Depois entramos na via mais fotogênica do local, a “Mé Doropa” (VIsup), que fica em um bloco menor de frente pra falésia.
Mé Doropa. Foto: Miguel A.
E pra fechar o dia, escalei a “Sheron”, que é a extensão da via “Caminho das Abelhas”, o grau permanece 7b, mas são alguns metros a mais de escalada até o cume. Esta além se ser muito massa, foi a primeira via do setor, e a história da sua abertura deve caber no livro dos recordes: a via foi equipada com uma furadeira elétrica ligada à uma tomada a 500m de distância!!
Samuel na “Caminho das Abelhas”
Domingo amanheceu bonito, nublado! Começamos pela “Carlinhos” (VI) uns 40 m até o cume, depois entrei na “Miúra” (8a), outra via nota 10, começa em um diedro/chaminé, segue em agarras com lances delicados e um crux bacana que me derrubou na primeira entrada, mas o beta do Samuel resolveu o problema. Entrei na “Bat-Caverna”, Vsup em móvel, e pra acabar, dois pegas na “One” um belo 8c de crux trabalhoso. Até tentei um projetinho ao lado, que ainda está de top rope, mas que eles vão equipar assim que for possível, esse promete! Yuri, escalador da região tá quase desvendando as passadas do que parece ser o crux.
Carlinhos. Foto: Miguel A.
Miúra. Foto: Miguel A.
Miúra. Foto: Miguel A.
Samuel na One, Yuri na seg. Foto: Miguel A.
Existem outros setores na Serra da Camonga, mas acabamos gastando dois dias no setor principal e não deu tempo de conhecer o resto. Também rolam boulders fortinhos por lá.
O terceiro dia foi dedicado aos trabalhos forçados de remo e natação, com um pouco de escalada nos Cânions do Talhado, cerca de 90 km de Santana do Ipanema, que Miguel e Michele ainda não conheciam!