Vale do Capão e Pai Inácio – Chapada Diamantina #1

 Em dezembro do ano passado saímos de Recife rumo à Chapada Diamantina, pra curtir 15 dias de escalada “fisioterápica”que rendeu até bem pra um dedo problemático. 
Marcelo, Bianca, Eveline e eu seguimos pro primeiro destino: Vale do Capão. Foram três dias de muita chuva, festejos natalinos familiares, contemplação e um pouco de escalada no setor Rapadura! Fomos apenas visitar o outro setor, chamado de “Riachinho”, ficamos impressionados com as vias e o visual do local mas a água escorrendo pelas paredes não permitiu que escalássemos.
O Rapadura possui vias simpáticas, curtias em uma rocha de ótima qualidade, quartzito se não me engano. Saindo do Capão em direção à Palmeiras, o setor fica à esquerda, perto da estrada, pouco antes da ponte do Riachinho. É fácil de identificar pois é um morro baixo cheio de pedras próximo à estrada.

 Em uma das vias esportivas do Rapadura – Capão
Via em móvel no Rapadura – Capão

De lá seguimos em direção a Igatú, mas fizemos uma paradinha estratégica no meio do caminho pra escalar o famoso Morro do Pai Inácio. A via escolhida foi a mais frequentada da pedra, a qual eu já tinha escalado em outra ocasião, uma boa pedida pra levar a namorada e o mulambo Marcelo pra conhecer a parede.
Se trata da Pauliceia Baiana, 5° VI 120m, nenhuma proteção fixa ao longo da via.
Encontramos poucas informações na internet sobre a via, inclusive um croqui detalhado que existia, aparentemente não existe mais. Me esforcei um pouco pra lembrar alguns detalhes e no final deu tudo certo, apesar do cume noturno e alguns minutos perdidos pra achar a trilha de descida, poder guiar a via toda foi bem legal! Seguem então algumas informações que podem ajudar aqueles que quiserem repetir a via.
Marcelo, Cauí e Eveline
Estacionar o carro em um posto em frente ao morro, atravesse a vegetação alta na beira da estrada e siga pelo pasto/arbustos pra esquerda até a base da via, que é identificada pelo grande diedro na extrema esquerda da foto abaixo.

 Pai Inácio e o trio
Escalamos em três pessoas com uma corda de 70m, poderia ser de 60 ou até mesmo 50m (pra uma dupla) sem problemas, as enfiadas são curtas e não tem como rapelar sem abandonar peça mesmo…Levamos 1 jogo de friends rock empire (0,25 ao 7) e um jogo de nuts além de umas peças médias repetidas, não faltaram peças pra proteger a via, que hora tem ótimas opções de proteção, hora blocos duvidosos entalados ou fissuras horizontais.
A primeira enfiada é a do diedrão, passando em baixo do teto em boas agarras pra direita, entrando em uma chaminésinha  terminando em um platô grande.
 Eveline na primeira enfiada, Cauí na P1
 Cauí em baixo do teto
 Eveline na chaminé no final da primeira enfiada

Marcelo na P1
Andando um pouco pra esquerda no platô, ficar em cima do blocão pra dominar um tetinho (já sai protegido) e tocar pra direita até outra chaminé. Seguir pela chaminé até o platô da P2, já um pouco menor.
Saindo da P2, pegar o diedrinho da direita, passando por um lancesinho esperto pra depois tocar reto até os tetinhos que se pode ver na foto abaixo. Tem um lance aéreo numa borda pra esquerda antes de dominar o platô onde fizemos uma parada extra às que o croqui (traçado sobre foto que encontramos na net) mostrava.
Terceira enfiada vista da P2
Depois um trecho fácil até pegar uma diagonal meio platô pra direita, até ficar alinhado com um teto sobressalente, uns 10m acima de você, esta é a P3 originalmente. A P3 e o início da quarta enfiada se caracterizam por alguns blocos encaixados, nem todos muito bem presos, é bom ter cuidado. 
Passando esses blocos, já na quarta enfiada, chega-se no teto, contornando-o pela direita tem o lance mais chato da via, um domínio de balcão já entrando na chaminé e o início da chaminé propriamente dita. Após a chaminé, mais um platô, monta-se a P4.
Saindo um pouco pra esquerda, virando a esquina e tocando reto, próximo à aresta, com proteções razoáveis na horizontal, se pode escalar por rocha limpa até o cume. Assim fizemos da primeira vez. Agora fui mais pela direita, me embrenhando no mato onde era aparentemente mais fácil, mas a corda pesa bastante e tem uns lances chatinhos, melhor ir pela direita mesmo…P5 em alguma arvore do cume e pronto!
 Eu, Eveline e Marcelo no cume!
A descida é por uma trilha turística bem marcada, exceto pela parte do cume, onde o chão é de pedra e tem que ir mais “no rumo”, ajuda conhecer a trilha antes, é rápido. Qualquer coisa mira na torre que existe no estacionamento no início da trilha de subida e vai!
 Traçado disponível na internet
Croqui que fiz da via, falta muita informação, mas é o que temos…
Pra quem não quer ter muita dor de cabeça, existem várias empresas na cidade de Lençóis que oferecem a escalada guiada no Morro do Pai Inácio, com tudo incluso (equipamento, transporte e guiada). Recomendo fortemente procurar com o Gironha na Fora da Trilha pra poder desfrutar desse climb!!
Seguimos viagem pra Igatú e Lençóis, mas isso vem no próximo post!

Sem comentários

  1. Opa…vale ressaltar que é uma Parque Municipal, precisa pegar autorização para a prática de escalada no pai Inácio, Setor da Rapadura e Setor dos Deuses no Riachinho.

    Boas escaladas

  2. A Secretaria de para a autorização fica em Palmeiras.

  3. Renato T. Pereira

    Não precisa ir até Palmeiras pegar autorização para escalar o Pai Inácio, é só avisar antes de escalar, na portaria turística de subida ao cume, controlada pelo GAP.

    No site mountainproject.com tem mais algumas infos necessárias para escalar a via, e algumas outras.

  4. Boa tarde Cauí! Quero te agradecer pelas informações que postou no blogue sobre a via Pauliceia Baiana. Há uma semana fiz essa via somente com suas informações e croqui. Valeu pelas dicas e descrições precisas sobre a parede! Abraço!�� Fernando Campanella

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